Denúncia contra avô de Isabella Nardoni reacende o caso após 17 anos.

📷 Foto: Reprodução. 

São Paulo — Uma nova denúncia apresentada ao Ministério Público de São Paulo (MPSP) pode provocar uma reviravolta no já emblemático caso do assassinato de Isabella Nardoni, ocorrido em 2008. A acusação aponta para um possível envolvimento de Antônio Nardoni, avô paterno da menina, e propõe sua inclusão nas investigações, após mais de uma década e meia do crime trágico. 

O que diz a denúncia

A representação foi protocolada pela Associação do Orgulho LGBTQIAPN+.  Segundo o documento, Antônio Nardoni teria atuado “de forma efetiva ou instigadora” no assassinato, inclusive ajudando a construir um álibi para Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, condenados pelo crime. 

Também consta na acusação que Isabella ainda teria apresentado sinais vitais no momento em que foi arremessada pela janela — um ponto que reforçaria a tese de que o crime não foi apenas uma ação passiva ou acidental. 

A denúncia inclui testemunho de uma policial penal, que ouviu Anna Carolina atribuir, direta ou indiretamente, a participação do avô no crime. O documento pede que o Ministério Público avalie esses novos indícios para possível reabertura de investigação. 

Até o momento do crime, em março de 2008, Antônio Nardoni não chegou a ser investigado. A condenação de Alexandre (pai de Isabella) e Anna Carolina se deu em 2010 por homicídio triplamente qualificado. 

A possibilidade de incluir uma nova pessoa numa investigação já encerrada ou com sentença transitada em julgado levanta questões processuais complexas: prescrição, nulidades, eficácia de provas novas, e se esses indícios são suficientes para instauração de novo inquérito ou reabertura de julgamento. (Esses pontos ainda não foram oficialmente definidos no caso anunciado pela denúncia.) 

Possíveis desdobramentos

Caso o Ministério Público aceite a denúncia, poderá ser instaurado inquérito novo que inclua Antônio Nardoni como investigado. Se confirmado o envolvimento dele, isso poderia motivar um pedido de revisão de culpa ou ampliação da responsabilização, com possíveis consequências penais adicionais.

Também poderá haver impacto na percepção pública e judicial sobre as decisões já tomadas, especialmente no que diz respeito aos benefícios concedidos a Alexandre e Anna Carolina, como progressões de regime. 

A denúncia ocorre 17 anos após o crime, um fator que torna o caso quase entrando em estatuto de limitação, de acordo com o tipo de crime e as normas de prescrição penal aplicáveis no Brasil. Até onde se sabe, o Ministério Público ainda não se manifestou oficialmente sobre aceitar ou rejeitar a representação. 

A mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, já expressou indignação diante de outras decisões judiciais recentes, por exemplo, relacionadas à progressão de regime de Alexandre Nardoni. 

Para recapitular:

Em 29 de março de 2008, Isabella, de 5 anos, foi jogada do sexto andar do Edifício London, em São Paulo. O laudo inicial indicou agressões, asfixia e queda da janela. 

Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá foram condenados em 2010, ele a cerca de 30 anos, ela a cerca de 26 anos de reclusão. 

Considerações finais

A reinserção de uma nova pessoa — especialmente alguém que não foi investigado à época — num caso com sentença firme exige que haja novas provas substanciais, que superem o que foi considerado no julgamento original. A justiça brasileira permite revisões, desde que obedecidos os preceitos legais: mínima possibilidade de que providências anteriores foram insuficientes ou ignoraram elementos relevantes.

Essa denúncia contra Antônio Nardoni, portanto, poderá abrir a porta para uma das revisões mais delicadas do sistema criminal brasileiro: como lidar com provas novas, testemunhos antigos, representações tardias e a proteção de quem denuncia.

Por redação/www.pontaldosertao.com.br 

Comentários