PEC da Blindagem volta trazer a tona o caso do ex-governador e ex-senador Ronaldo Cunha Lima, pela Paraiba.

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Na última quarta-feira (17), a aprovação da chamada PEC da Blindagem na Câmara dos Deputados reacendeu o debate sobre a responsabilização de políticos no Brasil. A medida, que limita a atuação de órgãos de investigação contra parlamentares e autoridades, foi destaque em reportagem da BBC News, que relembrou episódios considerados emblemáticos da política nacional.

Entre eles, voltou a ganhar destaque o nome do ex-governador e ex-senador Ronaldo Cunha Lima, pela Paraiba. Seu caso é frequentemente citado como exemplo das dificuldades enfrentadas pela Justiça brasileira para processar e punir figuras políticas de relevância.

Entre os casos lembrados está o de Cunha Lima, ocorrido em 1993, que se tornou emblemático na política paraibana e nacional. Naquele ano, o então governador atirou contra o ex-governador Tarcísio Burity em um restaurante de João Pessoa. Burity chegou a ficar em coma e, embora tenha sobrevivido ao atentado, faleceu quase dez anos depois em decorrência de complicações de saúde.

À época, o caso repercutiu fortemente no cenário político, mas Cunha Lima não chegou a ser condenado em definitivo, o que alimentou críticas sobre a dificuldade de responsabilização de figuras públicas com mandatos eletivos.

A lembrança desse episódio ganhou força no debate em torno da PEC da Blindagem, apontada por críticos como um retrocesso no combate à impunidade, uma vez que cria barreiras adicionais para investigações de deputados e senadores.

Especialistas ouvidos pela reportagem destacam que a proposta aprovada pela Câmara fortalece uma tradição de autoproteção dentro do Legislativo. Segundo analistas, o episódio envolvendo Cunha Lima ilustra como dispositivos legais e manobras parlamentares podem servir de escudo contra a responsabilização judicial de autoridades.

A aprovação da PEC ocorre em meio a fortes críticas de setores do Judiciário, entidades da sociedade civil e juristas, que apontam retrocesso institucional e risco de aumento da impunidade. Para eles, ao dificultar investigações e a abertura de processos, o Congresso estaria reforçando barreiras contra a transparência e a responsabilização política.

Enquanto a proposta segue para o Senado, a repercussão internacional do caso mostra que o tema ultrapassa as fronteiras brasileiras, chamando atenção para a forma como o país lida com a relação entre poder político e Justiça.

Por redação - Pontal do Sertão. 

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